As marés negras


+A +/- -A
As marés negras
As marés negras, acontecimentos catastróficos, marcam a história do transporte marítimo de hidrocarbonetos. Ainda nos lembramos do acidente do Torrey Canyon em 1967, depois do de Amoco Cadiz em março de 1978 e finalmente do Erika em dezembro de 1999 que perturbaram as costas bretãs.

As marés negras dizem respeito à poluição dos mares e zonas litorais por grandes manchas de hidrocarbonetos (petróleo e derivados), os quais representam cerca de 10% do total anual da poluição dos oceanos. Todos os anos são derramadas cerca de 3 000 000 de toneladas de petróleo nos oceanos.

As principais causas de marés negras são a rutura de oleodutos, o transporte de hidrocarbonetos em alto-mar, pelos petroleiros, e as atividades de exploração petrolífera off-shore (plataformas de exploração de jazigos de petróleo, através de perfurações submarinas, localizadas nos limites das plataformas continentais).

Embora alguns derrames de petróleo ocorram em sequência de acidentes (naufrágios, colisões, explosões, etc.), uma parte muito significativa ocorre devido a insuficiências técnicas ou como resultado de medidas pouco escrupulosas de redução de gastos.

Os hidrocarbonetos petrolíferos são insolúveis na água e menos densos que esta, formando, em consequência destas propriedades, uma película extremamente delgada, monomolecular, à superfície da água, o que origina grandes manchas de petróleo que alastram rapidamente.

As consequências das marés negras são extremamente diversificadas e graves: a película opaca que se forma na superfície da água impede a entrada de luz nos oceanos e limita as trocas gasosas, originando uma forte redução da taxa de fotossíntese, assim como a asfixia de vários animais, devido à diminuição da quantidade de oxigênio dissolvido nas águas, o que acarreta ainda o incremento das populações de bactérias anaeróbias.

A capacidade de auto-depuração das águas é também fortemente reduzida, havendo ainda interferências no ciclo da água e no regime de precipitações, já que as trocas de água entre os oceanos e a atmosfera são impedidas pela película de petróleo.

As aves marinhas são extremamente afetadas pelas marés negras, não apenas devido à libertação de gases tóxicos, como os benzenos e o tolueno, mas também pelo facto de os hidrocarbonetos dissolverem a camada de gordura que torna as suas penas impermeáveis, tal como acontece com o pelo de alguns mamíferos marinhos (focas, por exemplo), originando a morte por hipotermia.

A ingestão de petróleo é também extremamente tóxica ocorrendo, por exemplo, quando as aves mergulham para pescar ou limpam as penas com o bico, já que o petróleo adere às penas tornando-as pesadas demais para voar ou nadar, afogando-se.

As áreas costeiras afetadas pelos derrames ficam, geralmente, estéreis durante vários anos, não apresentando qualquer manifestação de vida, à exceção de algumas bactérias devoradoras de hidrocarbonetos, em consequência da impregnação dos solos com compostos tóxicos.

O impacto de um derrame petrolífero pode prolongar-se bastante no tempo, já que os hidrocarbonetos policíclicos aromáticos são solúveis nas gorduras, sendo, por isso mesmo, fixados pelos seres vivos, nos quais atuam como agentes cancerígenos, a médio e longo prazo.



Referências bibliográficas:

Porto Editora, 2003-2015. [consult. 2015-03-17 17:50]. Disponível na Internet: http://www.infopedia.pt/$mare-negra

Voltar ao Topo da Página