O estranho caso das "meninas" que ganham pênis aos 12 anos


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O estranho caso das "meninas" que ganham pênis aos 12 anos
Uma das primeiras pessoas a estudar esta condição incomum foi Julianne Imperato-McGinley, do Cornell Medical College, em Nova York. Esse problema, conhecido como "guevedoce", parece estar ligado a uma deficiência genética comum em parte da República Dominicana.

Nos anos 1970, ela partiu para esta parte longínqua da República Dominicana, levada por relatos extraordinários de meninas que estavam virando meninos. Ao chegar, ela descobriu que os boatos eram verdadeiros. Fez diversas pesquisas com os guevedoces (inclusive biópsias provavelmente dolorosas nos testículos deles) antes de descobrir a causa do mistério.

Quando uma pessoa é concebida, ela normalmente tem um par de cromossomos X se for virar uma menina e um par de cromossomos XY se for ser homem. Nas primeiras semanas da vida uterina ela não é nem homem nem mulher, embora em ambos os sexos os mamilos comecem a crescer.

Então, cerca de oito semanas após a concepção, os hormônios sexuais aparecem. Se você é geneticamente homem, o cromossomo Y instrui suas gônadas a virar testículos e envia testosterona para uma estrutura chamada tubérculo, onde ela é convertida em um hormônio mais potente chamado dihidrotestosterona. Este hormônio transforma o tubérculo em um pênis. Se você é mulher e não produz dihidrotestosterona, o tubérculo vira o clitóris.

Quando Imperato-McGinley pesquisou os guevedoces, descobriu que o fato de não terem genitália masculina ao nascer se deve à deficiência de uma enzima chamada 5-alfarredutase, que normalmente converte a testosterona em dihidrotestosterona. Esse problema parece estar ligado a uma deficiência genética comum em parte da República Dominicana, mas rara em outros locais. Então os meninos, apesar de terem cromossomos XY, parecem mulheres quando nascem.

Na puberdade, como outros meninos, eles recebem uma segunda onda de testosterona. Desta vez o corpo responde e nascem músculos, testículos e pênis.

As pesquisas de Imperato-McGinley mostraram que, na maioria dos casos, os novos órgãos masculinos funcionam bem e a maioria dos guevedoces passa a viver como homem. Alguns, no entanto, passam por cirurgia e continuam sendo mulheres.

Outra descoberta de Imperato-McGinley, que pode ter profundas implicações para muitos homens ao redor do mundo, foi que os guevedoces tendem a ter próstatas pequenas.

Essa observação, feita em 1974, foi aproveitada por Roy Vagelos, chefe de pesquisa da gigante farmacêutica Merck. Ele deu início a uma pesquisa que levou ao desenvolvimento do que virou um medicamente campeão de vendas, finasterida, que bloqueia a ação da 5-alfarredutase, imitando a falta de dihidrotestosterona nos guevedoces.

A finasterida é prescrita com frequência como um modo eficaz de tratar hiperplasia prostática benigna, o aumento da próstata, um problema enfrentado por muitos homens à medida que envelhecem. Também é usada para tratar calvície masculina.

Uma última observação que Imperato-McGinley fez foi que esses meninos, apesar de serem criados como meninas, em sua maioria demonstraram preferências sexuais heterossexuais. Em seu artigo, ela concluiu que os hormônios no útero tem um papel mais decisivo sobre a orientação sexual do que o tipo de criação recebido.



Fonte: http://saude.terra.com.br/guevedoces-o-estranho-caso-das-meninas-que-ganham-penis-aos-12-anos,fe58d9dba7d50f921dc1bbb718eb6032d46l1akx.html


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