Análises de sequências de DNA mostram que os chimpanzés são nossos parentes evolutivos mais próximos. Apesar das semelhanças, o ser humano não descende de espécies parecidas com as dos macacos atuais, mas ele e os outros antropoides de hoje descendem de um mesmo ancestral.
A linhagem que originou o ser humano e a que originou o chimpanzé podem ter se separado entre 7 milhões e 4 milhões de anos atrás. A partir daí, ambos evoluíram separadamente e acumularam diversas modificações ao longo de milhões de anos.
Uma das diferenças mais importantes entre o ser humano e os demais primatas é a capacidade caracteristicamente humana de se apoiar e locomover apenas sobre os membros posteriores, deixando as mãos livres para segurar e manipular objetos.
Essas diferenças podem ter sido vantajosas quando os ancestrais do ser humano desceram das árvores e foram viver nas savanas da África. As articulações do braço permitem lançar objetos com boa velocidade, e o polegar em oposição aos outros dedos facilita a preensão e a manipulação de objetos.
A inteligência pode ter se desenvolvido, com a capacidade de manejar ferramentas e objetos, como uma adaptação à caça nas savanas africanas. Enquanto na espécie humana o volume médio do cérebro é de 1.350 cm³, no chimpanzé atinge no máximo 500 cm³ e no gorila, apesar de todo o tamanho desse animal, no máximo 750 cm³. Além disso, na espécie humana, as circunvoluções do córtex cerebral estão mais desenvolvidas, o que aumenta consideravelmente a área dessa parte do cérebro envolvida em funções como o raciocínio e a linguagem.
Outra característica importante da espécie humana - também presente em muitos primatas - é a forte tendência a viver em grupo, o que deve ter facilitado a defesa contra predadores e também a caça de herbívoros grandes e rápidos. Convém notar que a caça só poderia ter sucesso se fosse planejada e orientada por um cérebro bem desenvolvido, que memorizasse os hábitos das presas e planejasse estratégias. A vida em sociedade permitiu também a transmissão de informações úteis às novas gerações.
A transmissão de conhecimentos e a consequente evolução cultural só tiveram êxito em virtude de uma linguagem extremamente desenvolvida, com um complexo sistema de símbolos, capaz de comunicar um número infinitamente variado de informações.
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Texto extraído de: Linhares, S.; Gewandsznajder, F. Biologia Hoje. Volume 3, p. 200 e 201. Ed. Ática.