Por que a girafa tem pescoço tão longo?


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Por que a girafa tem pescoço tão longo?
A girafa (Giraffa camelopardalis) é encontrada nas savanas africanas e, juntamente com o ocapi (Okapia johnstoni) formam a família Giraffidae. Ambos podem ter evoluído de um ancestral comum durante o período Mioceno, que durou de 23,3 milhões a 5,2 milhões de anos atrás.

A explicação clássica para o aumento do pescoço da girafa é que um pescoço longo permitia ao animal comer folhas no alto das árvores nas épocas de seca, quando as plantas rasteiras perdem as folhas. Contudo, alguns pesquisadores observaram que, durante essas épocas, as girafas se alimentam na maior parte do tempo de folhas de arbustos baixos ou de árvores pequenas, com altura inferior ao tamanho do seu pescoço.

Os pesquisadores Robert E. Simmons e Lue Scheepers propuseram, então, a hipótese de que o aumento do pescoço ao longo das gerações se deve à vantagem que ele confere quando dois machos lutam em disputa pelas fêmeas. Na luta, os machos usam o pescoço para golpear o adversário, o que provoca lesões que levam um deles a desistir da luta.

Por que a girafa tem pescoço tão longo?Essas pesquisas foram muito criticadas, já que entre machos e fêmeas com o mesmo peso não foram encontradas diferenças significativas no comprimento do pescoço, como seria de se esperar se estivéssemos diante de um caso de seleção sexual.

Em 2007 os pesquisadores Elissa Cameron e Johan T. du Toit publicaram um artigo em que mostram que as girafas geralmente comem folhas nas partes mais altas das árvores, inacessíveis a outros herbívoros, e que suas observações apoiam a hipótese de que o aumento do pescoço conferiu uma vantagem seletiva por evitar a competição com herbívoros que se alimentam das partes mais baixas das árvores. Para Cameron e Toit, esse trabalho fornece a primeira evidência experimental a favor da hipótese clássica sobre a evolução do pescoço das girafas.

É importante alertar que não é simples descobrir a suposta vantagem adaptativa de determinada característica. Para isso são necessárias muitas pesquisas que envolvem a anatomia de um organismo, sua fisiologia e ecologia, entre outros fatores.


Fonte: Linhares, S.; Gewandsznajder, F. Biologia Hoje. Volume 3, p. 138. Ed. Ática.

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