Mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei) - Espécie introduzida por água de lastro no Brasil


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Mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei)O mais recente caso de invasão de espécies exóticas com sucesso no Brasil é o do mexilhão-dourado (Limnoperna fortunei), já mencionado aqui no blog no artigo sobre Alterações bióticas - Introdução de espécies.

Esse pequeno bivalve de água doce tem cerca de 4 cm de comprimento e é originário do sul da Ásia. Em 1991 foi feito o primeiro registro da espécie na América do Sul, que deve ter chegado na água de lastro de navios. Estabeleceu-se no rio da Prata, na região de Buenos Aires, Argentina. No Brasil, o primeiro registro ocorreu em 1999, na praia de Itapuã e em Porto das Pombas, situados no município de Viamão-RS, ao sul do lago Guaíba.

Por se incrustar em tubulações, L. fortunei já está causando problemas nos equipamentos da Estação de Tratamento de Águas de Punta Lara, no rio da Prata, reduzindo a eficiência das bombas e alterando o funcionamento normal do sistema, entre outros problemas. Em 2001, o mesmo mexilhão foi detectado em três unidades da usina hidrelétrica de Itaipu (PR), o que confirma que L. fortunei já invadiu o Brasil e está se estabelecendo com sucesso.

É impossível prever que impacto terá a introdução de uma espécie não nativa. Mesmo uma espécie que não mostre impacto negativo em sua área de origem pode fazer efeitos dramáticos quando invade novos ambientes. No Brasil, o crescimento da população do mexilhão-dourado é intenso, chegando a colonizar cerca de 240 quilômetros por ano. Nas estações de captação de água no rio Guaíba, em Porto Alegre, esses bivalves ocorrem incrustados nas tubulações, chegando a tomar até 100 metros de canos, prejudicando a vazão da água. O problema tem sido contornado, em parte, por mergulhadores que de dois em dois meses fazem a limpeza desses canos, removendo esses animais.

Leia sobre o Caramujo-gigante-africano (Achatina fulica)
Leia sobre Alterações bióticas - Introdução de espécies

Adaptado de: Ciência Hoje, vol. 32, nº 188, nov. 2002, e O Estado de S. Paulo, 19/03/2004.

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